Buscar novos desafios e experiências sempre foi algo que me motivou na vida, tão natural quanto as ondas do oceano. O desejo de inovar e de escolher fazer o que gostava era o meu foco, mas por mais que fosse esse meu objetivo, nem sempre consegui vencer a luta entre o que eu realmente queria fazer e o que a sociedade, indiretamente, me coagia, o conhecido status quo.
Com o objetivo de compreender melhor o poder da influência que a sociedade exercia sob mim e também conseguir sair desta armadilha que me deixava mais confusa do que motivada, eu passei por várias autoanálises e obstáculos que irei explicar neste artigo.
Percebi que tinha o anseio de conquistar o diferente e que era responsável pelo meu próprio futuro ainda pequena, quando tinha meus 10, 12 anos de idade. Lembro que brincava de lojinha, assim como várias meninas da minha rua, na cidade onde nasci, São João da Boa Vista, no estado de São Paulo, e eu não sossegava, ou melhor, não terminava a brincadeira enquanto todos os produtos fossem vendidos. Ali começaram a aparecer os primeiros sinais de quem eu era e seria dali para frente.
Aos 16 anos, o meu desejo e essência veio ainda mais mais forte quando me tornei parte da juventude do PSDB, pois pensava que com a política poderia ajudar os jovens a compreenderem a importância do voto e sua responsabilidade dentro de uma sociedade. No entanto, após quatro anos atuando na juventude do partido me decepcionei com a política e acabei saindo deste movimento.
Todavia, até hoje eu e minha amiga Bia Mello, discutimos sobre pautas políticas e planos de governo, antes, durante e após as eleições. Acho que a parte da Cris Zanata militante ainda está presente dentro de mim como forma de me expressar em reuniões, palestras e eventos, pois aprendi a falar em público e transmitir minhas ideias a um grande número de pessoas.
As palavras do filósofo grego Aristóteles resumem exatamente este meu lado político que até hoje não deixei para trás.
“(…) o homem é, naturalmente, um animal político (…)” – Aristóteles:
Meus pais sempre me incentivaram a fazer aquilo que gostava e queria, mas como quaisquer outros pais, desejavam que fosse profissionalmente bem-sucedida, comprasse uma casa, casasse e tivesse filhos. Isso era o que eles acreditavam ser bom para minha evolução como pessoa, mas será que isso me ajudou a encontrar o meu espaço ou fez com que aumentasse a minha cobrança por resultados, tornando-se um martírio para mim?
Por que acreditamos que para sermos notadas e admiradas temos que viver no status quo?
Já parou para pensar que a sociedade e até mesmo as pessoas mais próximas de nós acabam nos influenciando sem percebermos? Ao completar 17 anos, me mudei para São Paulo (SP) para fazer faculdade de Administração de Empresas, com ênfase em Comércio Exterior. Porém, como a maioria dos jovens, não tinha muito claro se essa profissão me traria 100% de realização. Naquela época já era assim, agora, essa incerteza é ainda maior com as diversas áreas que acabaram surgindo no mercado nos últimos anos.
Para ter uma ideia, 60% dos jovens ainda têm dúvidas quanto ao futuro profissional, de acordo com pesquisa realizada, durante a Expo CIEE 2019, pelo CPS (Cedaspy Professional School) – rede de capacitação e profissionalização. Uma taxa bem alta, concorda?
Na minha vez de escolher a direção do meu futuro, inconscientemente acabei fazendo o que a sociedade e meus pais exigiam, ou seja, segui o status quo, expressão em Latim, que significa “o estado das coisas”.
A expressão surgiu por volta de 1700 como uma forma reduzida da frase “in statu quo res erant ante bellum”, que pode ser traduzida como “no estado em que as coisas estavam antes da guerra”.
Esse era o meu check list até 2018, quando ainda não tinha claro o meu propósito de vida:
Durante meus primeiros anos de trabalho em empresas de grande e médio porte, conheci muitas pessoas incríveis, verdadeiros líderes e apaixonados pelo que faziam, ou pelo menos se mostravam apaixonados.
E eu, em minha tormenta mental, sempre me perguntava: por que será que não me sinto totalmente satisfeita com o que estou fazendo? Será que isso é normal?
Hoje, após 20 anos de busca pela compreensão de meus questionamentos já entendo o processo e lhe contarei um pouco mais para frente.
Mas mesmo com essas perguntas que não saíam da minha cabeça, continuei seguindo os padrões do status quo para conseguir ser admirada e notada pela sociedade, empresa, família e amigos, pois queria me sentir parte de uma sociedade que valoriza o outro pelo que você tem e não pelo que você é.
E esse sentimento não é exclusivo meu, pois hoje, com outros olhos e maior conhecimento, consigo entender a razão pelo qual as pessoas não conseguem sair da sua bolha para ir atrás do que desejam.
Todos estamos buscando alguma coisa que nos complete, que nos traga felicidade, tranquilidade, liberdade e isso é o que faz aumentar a nossa motivação por continuar enfrentando nossos desafios e olhando para frente com coragem e vontade.
Até que descobri que a minha busca pela excelência era simbólica e sem sentido, pois não havia sentimento em mais nada do que eu fazia.
A busca da inexistente e eterna excelência profissional
E como falar em excelência profissional em um mundo que inova a cada segundo?
Eu passei alguns anos de minha vida profissional buscando a excelência e tentando ser perfeita em tudo que fazia, pois respirava o mundo corporativo pelo menos 15 horas do meu dia e o que aprendi vivendo neste mundo foi encarar a competição e a falta de respeito como um ato normal e por isso deveria ser perfeita em tudo que eu fazia, pois um mero erro poderia me aniquilar. E sabem o que ganhei com esta minha busca incessante pela excelência?
Cansaço e frustração!
A energia que gastamos em tentar mostrar para outras pessoas que nossas ideias e opiniões são coerentes e o desgaste emocional que vivemos por não sermos escutados não poderia exteriorizar-se de outra maneira que não fosse cansaço e frustração.
Algumas pessoas não conseguem controlar esta cobrança constante e acabam ficando estressadas e podem até entrar em “burnout”, que é quando uma pessoa entra em um estado de esgotamento físico e mental cuja causa está intimamente ligada à vida profissional.
Mas eu encontrei uma maneira de mudar a minha incansável busca pela excelência após assistir inúmeras vezes às palestras do professor Clóvis de Barros Filho pelo YouTube, pois consegui interiorizar suas palavras e explorar um pouco mais sobre essa tal excelência que todos buscam.
De acordo com o professor Clóvis:
“A busca da excelência é a própria felicidade.”
E achava antes que a excelência estava relacionada à tudo que os outros pensavam sobre mim e como me julgavam profissionalmente. Seria para mim a consequência do reflexo de meus esforços para ser admirada e notada. Por ter esse pensamento, acabei me dedicando ainda mais ao meu trabalho e minha ações, porque o que eu queria era ser “julgada” positivamente, sendo notada e admirada pelo o que fazia e pelo o que era.
Mas quando o professor Clóvis explicou que a busca da excelência é a própria felicidade, parece que meu caminho de pedras quentes e espinhos se transformou em um caminho tranquilo, sem curvas e lindo, que já fazia parte de mim e eu mesma não enxergava.
E por que esta descoberta mudou tanto a minha vida?
Porque foi por meio dela que eu quebrei o tão valorizado status quo e enxerguei a liberdade como estratégia para transformar a minha vida.
Para explicar um pouco mais sobre como o significado de excelência mudou completamente para mim, compartilho aqui esta citação que faz parte de muitos scripts dos meus vídeos do Movimento em V.
Este projeto foi idealizado por mim em 2018 após me sentir livre para o próximo passo em minha vida.
“Nós somos o que repetidamente fazemos. A excelência, então, não é um ato, mas um hábito” (Will Durant)
Caiu a ficha agora para você também?
Quando entendi que a excelência precisaria fazer parte do meu cotidiano e que tinha que ser praticada diariamente para se tornar um hábito, me perguntei: então só deve existir uma maneira de alcançar a excelência, não é mesmo?
E eu mesma respondi: Sim! E essa maneira é fazendo o que eu amo, o que está conectado com os meus valores e com o meu propósito de vida.
Esta grande descoberta me fez começar o planejamento para a transição de uma vida profissional corporativa para uma vida profissional livre e voltada à minha verdadeira excelência.
Recomeçar do zero aos 40 anos e vencendo a luta contra o status quo
Em 2018 criei o projeto Movimento em V, o qual visa ajudar mulheres a transformarem suas ideias em ações originais e alteristas.
Este termo é utilizado pelo psicólogo e professor Adam Grant para definir pessoas doadoras que doam mais do que recebem, porém, sem prejudicar seus próprios interesses e decisões.
Agora eu não me preocupo mais com o status quo ou com qualquer outra coisa que não esteja relacionada com o que eu defini como sendo importante para mim e para as pessoas que trabalham comigo ou que passaram por questionamentos ou situações muito parecidas com a minha e que desejam profundamente encontrar sua excelência motivada por aquilo que as fazem bem e que trará significado para suas vidas.
Você constrói o seu propósito durante a sua jornada e eu encontrei o meu após passar por todas estas indagações e busca de conhecimento.
Agora, aos 42 anos, começo uma nova etapa, um novo capítulo com diferentes desafios, hábitos e metas, consciente de que tomei uma decisão que me faz sorrir e lutar ainda mais pelos meus ideais e com o objetivo de desfrutar cada momento deste processo e comemorar cada conquista.
Pode parecer muito tarde para alguns, mas para mim não existe cedo ou tarde, e sim o momento que você encontra a sua motivação para inovar e mudar. Geralmente este desejo de mudança chega para nós quando passamos por situações que não estávamos esperando, como o desemprego.
No meu caso, eu decidi deixar o status quo porque me decepcionei muito com atitudes e comportamentos de pessoas que eu admirava.
Quando comecei a perceber que não fazia mais parte do grupo que estava inserida profissionalmente, meu corpo e meus pensamentos começaram a me mostrar que eu deveria seguir outro caminho, que estivesse relacionado com os meus valores e desejos.
E quanto ao check list, a única coisa que importa para mim hoje é o último item que não estava preenchido. Sobre ter filhos, a minha opção foi por não tê-los, mas essa história eu compartilharei em outro artigo. Inclusive, se você quiser conhecer essa minha história assim que eu lançar o artigo, escreva “Eu quero” nos comentários abaixo que lhe envio em primeira mão assim que publicado.
Desafiar o status quo pode ser simplesmente fazer algo diferente daquilo que algum dia foi determinado como sendo o correto.
O que você quer fazer diferente e ainda não fez porque lhe disseram que não era o certo?
Sou Cris Zanata, Fundadora da empresa CZC Treinamentos e idealizadora do Projeto Movimento em V. Durante muitos anos trabalhei em cargos de liderança em empresas do setor privado na área de impostos aduaneiros e logística. Em 2018 iniciei um projeto pessoal para compartilhar as minhas experiências e inspirar mulheres a transformarem suas ideias em ações originais e alteristas, conectando suas habilidades àquilo que as fazem bem, com aquilo que faz bem aos outros, mas que não prejudica seus próprios interesses pessoais.
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