Ludmyla Jungmann Godoy *
A leitura é fundamental na vida do ser humano e um alimento essencial para a alma. É capaz de nos transportar para outros lugares, ampliar nossa criatividade, vocabulário, conhecimento, provocar sensações e nos permite acessar um vasto mundo de histórias, pessoas, dados e perspectivas.
Muitos acham uma atividade solitária, mas quando se participa de um Clube do Livro esse aspecto muda e deixa a leitura ainda mais prazerosa.
No InsAB, Instituto de Alterismo do Brasil, o Clube do Livro é uma atividade mensal que tem como objetivo estimular a leitura e propor a troca entre os diferentes pontos de vista e formas de expressão.
Adotamos um modelo descontraído, que nos permite discutir diversos assuntos com emoção, confiança, generosidade e sem julgamento. É um encontro virtual cheio de aventura, escuta afetiva e gentileza.
No mês de abril o nosso encontro será especial, pois receberemos a autora do livro “A arte de ser leve”, Leila Ferreira.
De acordo com a autora o “mundo está frenético” e a corrida contra o tempo dentro de atividades básicas da vida como comer, trabalhar, namorar, etc., tem gerado grande sofrimento. Por isso, quando ela fala que precisamos de “mais harmonia e beleza” em nossas vidas, eu concordo plenamente.
Lembro que quando eu era criança queria que o tempo fosse mais rápido para eu poder crescer e ter autonomia. Os anos passaram e vejo que o resultado dessa pressa nos tirou hábitos simples como oferecer um bom dia para outra pessoa, ou até mesmo para quem dormiu ao nosso lado.
Leila Ferreira nos relata em seu livro uma série de acontecimentos que geram desgastes e impactos nas relações humanas.
Quem nunca presenciou uma demissão por telefone? Quem na empresa nunca passou pelas secretárias e foi incapaz de lhes dizer bom dia? E a secretária ou o ascensorista que ficam ao celular e não oferecem um breve olhar de boas-vindas?
São atitudes como essas que nos deixam mais pesados.
Outro dia vivenciei um episódio que acho importante dividir com vocês.
Era aniversário de uma amiga e ela não queria deixar a data passar em branco. Os dois últimos anos foram muito duros sem poder comemorar com a gente em função da pandemia. A intenção existia e era genuína da parte de todas, mas acontecimentos ao longo da semana resultaram no cancelamento do tão esperado encontro.
O que poderia ter sido mais um momento de frustração para a aniversariante se tornou leve após a ligação de uma das amigas. Em uma presença de espírito brilhante ela disse: “Seja feliz! Mesmo não conseguindo passar o seu aniversário juntas comemore onde estiver e saiba que assim que o tempo permitir faremos a nossa comemoração”.
Não precisou olho no olho para perceber que um ato de generosidade é capaz de aliviar a tensão do momento e inspirar confiança.
São exemplos simples como este que mostram que precisamos prestar mais atenção nas nossas atitudes e nos vigiar para não sermos contaminados pelo impulso do momento.
Em março discutimos o livro “A lógica da fé”, que também nos conecta com isso quando a autora, Elizabeth Mattis Namgyel, diz que tudo que existe e o que fazemos está interconectado e interdependente.
Um gesto gentil transforma o entorno e é a base da construção dos próximos passos, das nossas palavras e atitudes.
De acordo com o World Giving Index (WGI), o país mais generoso em 2021 foi a Indonésia. Sua pontuação cresceu desde 2018, quando também ocupava o primeiro lugar do ranking. Em segundo lugar está o Quênia e em terceiro a Nigéria.
O Ranking Global de Solidariedade é uma iniciativa da organização britânica “Charities Aid Foundation” (CAF), representada no Brasil pelo IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social.
O resultado considera as respostas de perguntas como: você ajudou um estranho, doou dinheiro a uma organização social ou fez algum tipo de trabalho voluntário no mês passado?
Nessa edição foram incluídos os dados de 114 países, representando mais de 90% da população adulta global.
O bom é que a maioria dos países elevou sua taxa de generosidade. O Brasil ficou em 540º lugar no ranking, subindo 14 posições em relação aos dados de 2018 e 20 posições em relação a sua posição média nos últimos 10 anos.
Essa é a tendência global, precisamos ser mais generosos.
O Instituto de Alterismo do Brasil foi fundado com o propósito de fomentar e difundir a “Cultura da Generosidade” e as práticas da generosidade com limites (alterismo).
Avançar nessa cultura é garantir relações mais saudáveis e produtivas.
Sintam-se convidados a conhecer e aprender na prática a importância e os efeitos da generosidade com limites através do Clube do Livro.
Você vai se surpreender!
*Ludmyla Jungmann Godoy
Cirurgiã cardiovascular especialista em terapia intensiva e medicina integrativa com foco em mulheres
Edição e revisão de texto: Luciana Russi
Fontes: A Arte de ser Leve, Leila Ferreira, ISBN 9788542208283
https://www.idis.org.br/publicacoesidis/world-giving-index-2021 – consultado em 13 de abril de 2022
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